Se você já conhece o Mercadão de SP, sabe que é uma delícia. Se não conhece, vem ver porque o Mercadão vai muito além do sanduíche de mortadela.
Tem lanche de mortadela… Mas tem muito mais!
Mercadão de São Paulo: muito Se você já ouviu falar do Mercadão da Cantareira, mais conhecido como Mercadão de São Paulo, já ouviu falar do famoso sanduíche de mortadela com recheio de três dedos de altura servido por lá, ou da fartura do recheio do bolinho de bacalhau. Da variedade de produtos de altíssima qualidade e da quantidade de frutas que você experimenta a cada passagem por um dos animados boxes do lugar, nem se fala!
Agora, se você não conhece nem ouviu falar do Mercadão, viaja comigo!
Uma boa conversa a cada parada
Claro que eu poderia falar sobre o projeto incrível do mestre Ramos de Azevedo, dos vitrais criados pelo russo Conrado Sorgenicht Filho, do tamanho do lugar, da quantidade de pessoas que passam por lá, mas isso você vai encontrar em qualquer post sobre o Mercadão.
O que mais chama minha atenção sempre que passo no Mercadão é o clima, a experiência de vida, as histórias e, claro, os personagens. Quem me conhece sabe que adoro uma prosa, ouvir as novidades, os causos. Foi assim que resolvi escrever meu primeiro livro, aqui.
Logo que entro no Mercadão, mal tiro os fones de ouvido, que me embalavam ao som de um soul fortíssimo do mestre Tim Maia, sou abordado pelo falante Johnny. Sujeito simpático e cheio de habilidade com a faca que atende no Vini Frutas. Seu cartão de visitas: um belo naco de Pitaya amarela, uma das frutas mais bonitas que você vai ver por lá e que tem versões amarela, branca e vermelha. É a tal “fruta do dragão”, se liga:
Enquanto Johnny fala da variedade da Pitaya e me oferece agora a versão vermelha da fruta do dragão, já olha pro lado e puxa mais dois visitantes que, desavisados e igualmente impressionados com o clima do lugar, se deixam envolver pela conversa e quando se tocam, já estão mastigando alguma maravilha fatiada sagazmente pelo rapaz. Réu Confesso, o som do Tim que eu ouvia assim que entrei no lugar, nunca foi tão adequado.
Descobertas deliciosas
Depois de experimentar mais umas cinco ou seis frutas e me lambuzar com uma temóia — ou chirimóia — , fruta de origem peruana e que lembra uma pinha, explico ao Johnny que acabei de chegar e ainda tenho um passeio longo pela frente, a que ele responde com uma bela uva. Agradeço sem perguntar o que é e vou saindo. Johnny já fisga um grupo de turistas estrangeiros que entrava abobalhado. Vida que segue.
Frutas, frutas, azeites, vinhos, frutas, jamon, mais frutas, defumados, é, preciso parar aqui — penso. Júlio é o cara prestativo que me vê admirando uma das últimas caixas do famoso belo Pata Negra — jamón espanhol de 36 meses de idade e um dos mais procurados do lugar — e se aproxima tentando me convencer:
Agora só tem mais uns três. Mas em dezembro tinha Pata Negra em volta da loja toda, o pessoal procura muito.
Agradeço as explicações sobre o Pata Negra, o Jamón Serrano e outras opções que ele tem enquanto me interesso por uns defumados. Júlio garante que é tudo de primeira, me apresenta a loja, os queijos, azeites, molhos, e de repente me surpreende com os joelhos de porco “mais suculentos do Mercadão” e uma costelinha defumada que garante: “é de comer de joelho”.
Aqui entre nós, prefiro comer do jeito tradicional mesmo. Mas entendo a metáfora já que a costelinha era realmente um espetáculo. Agradeço a aula e o tour, pois vejo uma loja com frutas secas logo à frente e aproveito pra garantir umas maçã secas — sou fã — e damasco.
Todos os temperos do mundo
Saindo do empório sigo o cheiro de uma loja de temperos. Por que não? Sais, pimentas, condimentos de todo tipo e origem, abasteço enquanto o rapaz que me atende explica por que flor de sal se chama flor de sal, você sabe? Eu não sabia. Trata-se da primeira e mais fina camada de sal marinho que se forma na cobertura das salinas.
Esses cristais são retirados de forma artesanal, por isso tem concentrações mais naturais de sódio, iodo, potássio e outros sais minerais deixando o produto mais nobre, a nata da coisa: a flor do sal. Pegou? Eu peguei.
Morango com Tâmara: o chocolate natural
Já falei como são animados os vendedores de frutas? Depois de escapar de alguns deles pra tentar conhecer outros boxes, fui surpreendido — novamente — agora pelo Gabriel, da Parpinelli (Rua Central, boxe 16).
A iguaria da vez? Uma mistura que ele garante ser “o chocolate natural”. Uma combinação de sabores que faz o maior sucesso no Mercadão e 4 a cada 4 vendedores te oferece numa frutaria local — e você não deve recusar 😉
O morango com tâmara é, certamente, o segundo casal mais famoso da gulodice — o primeiro, é Romeu e Julieta. Segundo o Gabriel conta animadíssimo, a ideia surgiu há algum tempo, mas não é deles.
A invenção foi da Ana Maria Braga, há uns quatro anos. A gente copiou e hoje essa é a fruta mais cobiçada do mercado. A sensação é de comer uma trufa natural.
Deu água na boca? A receita é simples: pegue uma uma tâmara, corte um belo naco, acrescente metade de um morango dentro e morda: é o chocolate natural. Se liga:
Ali do lado, em outro box, encontrei com o Irineu, que além de me apresentar o “chocolate natural” — novamente — me mostrou um kiwi diferente, menos ácido, super doce e que, segundo ele, é resultado de uma mistura com banana. Coisa finíssima. Tanto quanto um delicioso sapoti, fruta amazônica cujo sabor lembra nosso famoso quebra-queixo ou um coco queimado. É uma delícia!
Outra iguaria que conheci por lá foi a uva black safira, conhecida também como sweet saphire, ou uva dedo de moça, por ter formato da pimenta de mesmo nome. Uma uva doce, sem sementes e que está na moda por lá.
Black Safira é uma uva que vem do Sul da França e é a base da Chandon.
Aparentemente, a uva black safira ou sweet safira vem da Califórnia, mas quem sou eu pra contrariar um vendedor em pleno Mercadão de São Paulo? Fora que o sabor é ótimo lembra mesmo Chandon. Restou agradecer a degustação e partir feliz, o melhor ainda estava por vir.
Como deixar o passeio no Mercadão ainda melhor?
Depois de experimentar tantos sabores, aromas e me deliciar com tantas histórias e personagens incríveis, ficou clara a riqueza que o lugar proporciona e que, certamente, vai muito além de um sanduíche famoso. Uma visita ao Mercadão é tempo de boas conversas, ótimas histórias e deliciosas descobertas.
Foi o que eu fiz. Mas como o lanche de mortadela é um verdadeiro clássico, nada melhor que fechar o passeio molhando as palavras e, claro, apreciando esse símbolo tão paulistano.
Afinal, clássico é clássico e vice-versa.
Saúde e até a próxima!
Serviço:
Mercadão de São Paulo
R. Cantareira, 306 — Centro, São Paulo — SP, 01103–200
Telefone: (11) 3313–3365
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